Está tudo seco à nossa volta!

Em janeiro batemos recordes de temperatura máxima e de precipitação mínima. No final de fevereiro, mais de 60% do território nacional estava em seca extrema. Graças à chuva de março, 2022 já não seria o ano mais seco de sempre. Mas em abril não houve águas mil capazes de nos livrar da seca. Em finais de maio, o valor médio de temperatura máxima do ar (25,87 graus) em Portugal continental foi o mais alto desde 1931. Em junho assistimos ao agravamento da seca extrema, com esta a atingir mais de um quarto do território português. Julho foi o que se viu, não só não choveu como ainda ardeu, e a água que deveríamos estar a poupar teve de ser usada (e bem!) para combater os malditos incêndios que assolaram Vila Pouca de Aguiar. 

Chegamos a agosto e está tudo seco à nossa volta! 

Quando a vereação do Partido Socialista abordou pela primeira vez a questão da seca na reunião ordinário de 10 de fevereiro de 2022, já ecoavam os alertas dos/as especialistas. Cientes disso, procurámos saber se o Município tinha ou planeava fazer um Plano Municipal de Contingência de mitigação da seca. Reforçámos a necessidade de traçar um plano objetivo para a redução dos consumos de água e proteção das bacias hídricas existentes, essenciais no combate aos incêndios. Sugerimos medidas específicas como a redução das pressões na rede pública de distribuição de água, a reativação de furos de água para abastecimento de subsistemas e para rega de jardins públicos e a redução dos períodos e volumes de água utilizados na rega de espaços verdes públicos e lavagens urbanas. Demos exemplos concretos de boas práticas de outros Municípios, que desenvolveram planos focados na sensibilização, monitorização, redução e racionalização progressiva dos consumos. Insistimos na prevenção ao invés da reação e na necessidade de atuar antes do problema piorar. Mas, à parte das discretas campanhas de sensibilização nas faturas da água, pouco foi feito para adiar a chegada da seca. 

Agora, cá está ela. 

Hoje, sei de aldeias no concelho que já se debatem com a falta (literal) de água. Sei de famílias que não têm água em casa há várias semanas. Sei de pessoas que já não conseguem regar as suas hortas com água de regadio. Sei de criadores de gado que já não sabem onde procurar pasto. Sei das barragens que mostram as suas bordas cedo demais. 

Está tudo seco à nossa volta e o Município mantém-se quieto, passivo, quase que como à espera que o problema passe. Mas, ao mesmo tempo que esperamos por um milagre, parece-me prudente preparar-nos para o caso de ele não chegar. 

Viver e trabalhar em Vila Pouca de Aguiar trouxe-me muita coisa, incluindo uma maior proximidade com a sabedoria popular. E acredito que ela tem muito para nos ensinar. Além dos famosos “mais vale prevenir do que remediar” e “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”, há uma série de ditados para os meses do ano que me fazem particular sentido:

Se o Janeiro não tiver 31 geadas, tem de as pedir emprestadas. 

Água de Fevereiro enche o Celeiro. 

Em Março, chove cada dia um pedaço.

Abril águas mil, quantas mais puderem vir. 

Maio ventoso e Junho amoroso fazem um ano formoso. 

Por muito que Julho queira ser, pouco há-de chover. 

Seja o ano que for, Agosto quer calor. 

Setembro molhado, figo estragado. 

Logo que Outubro venha, prepara a lenha.

Em Novembro prova o vinho e semeia o cebolinho. 

Em Dezembro descansar para em Janeiro trabalhar. 

Foi assim que gerações passadas descreveram o nosso mundo. É este o ideal que aspiramos e pelo qual a vereação do Partido Socialista se propõe a lutar.

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